As moedas ao redor do mundo
Com a evolução das civilizações, surgiu a necessidade de uma simplificação das formas de troca realizadas nos comércios. Assim, foram criadas as primeiras moedas do mundo, há cerca de 4 mil anos. De diferentes formas e valores, uma das primeiras moedas cunhadas com imagens para diferenciação, assim como são conhecidas hoje, surgiu em Roma, e era chamada “denário” – termo que deu origem à palavra “dinheiro”. A palavra “moeda” se derivou do nome da deusa Juno Moneta, pois era no templo dedicado a ela onde as peças eram fabricadas.
Pesquisar as moedas em circulação no local que se pretende visitar, antes de sua ida ao exterior, é um requisito básico de qualquer viajante que se preze. Além de constatar qual é o dinheiro utilizado no país de destino, podem ser acompanhados os diferentes valores de cotação nos dias que antecedem a viagem, sendo possível, então, definir o melhor dia e a melhor estratégia para o câmbio. Esta prática é fundamental no planejamento de uma viagem para outro país, pois garante um passeio mais tranquilo economicamente, e sem surpresas relacionadas ao dinheiro. Uma questão de grande importância é a verificação de qual é a moeda corrente no país caso o destino seja incomum, pois podem haver surpresas quanto ao capital requisitado.
Dólar, euro, peso e real são alguns dos principais papéis-moeda utilizados em alguns dos destinos internacionais mais comuns. Mas, fora estes, existem diversos outros em circulação, como o rand africano, o iene do Japão, a libra – ou libra esterlina – da Inglaterra, além de variações das principais mencionadas anteriormente, como o dólar australiano, ou o peso chileno, por exemplo. Outras moedas conhecidas, mas não tão frequentemente procuradas, são a coroa sueca, o franco suíço, o won sul-coreano, o remimbi (ou yuan) chinês, o zloty polonês, ou o florim húngaro. Normalmente, casas de câmbio são facilmente encontradas nos aeroportos ou locais estratégicos desses países em que o dinheiro em circulação é exclusivo. É importante, no entanto, se atentar para essas particularidades, de modo a evitar problemas no exterior e levar sempre a unidade monetária correta, tanto para troca quanto para utilização pessoal.
Todas as moedas são passíveis da variação cambial, que as acomete diariamente. Por isso é importante estar atento às taxas com antecedência, para que seja possível realizar o melhor planejamento econômico possível para a viagem. Ao acompanhar os valores por alguns dias já é possível ter uma noção do que esperar dos gastos.
As moedas mais e menos valorizadas
O capital de cada país gira em torno de sua economia, sofrendo variações de diversos fatores influentes nesse âmbito, e por isso há diferente valorização de determinadas moedas. Em um ranking comparativo entre 175 modelos existentes, sendo o dólar o parâmetro de comparação, o dinar kuwaitiano, moeda do Kuwait, foi definido como a moeda mais cara do mundo. Com uma única unidade do dinheiro, é possível comprar cerca de 3,29 dólares americanos, ou 12,36 reais. A explicação desse fato se dá pela alta exportação de petróleo do país – que faz fronteira com a Arábia Saudita ao sul e com o Iraque ao norte –, o que ocasiona frequente ocorrência de dólares em seu território e, consequentemente, gera grande demanda de troca pela moeda local, fazendo o dinar kuwaitiano ser valorizado.
A segunda moeda mais cara é o dinar bareinita, dinheiro oficial do Bahrein, cuja cotação atualmente está avaliada em USD $2,65 para cada unidade. Outras moedas bastante valorizadas, e não tão conhecidas popularmente, são o rial omanense, de Omã, e o dinar jordânico, em circulação na Jordânia, na Palestina e nos territórios palestinianos, cotados a USD $2,60 e USD $1,41, respectivamente. Em seguida, na lista das moedas mais valorizadas, encontram-se unidades monetárias mais comuns aos viajantes, tais como a libra esterlina, avaliada a USD $1,33 atualmente e utilizada nos países integrantes do Reino Unido (como Inglaterra, Escócia ou País de Gales, entre outros), e o euro, cuja cotação do dia é USD $1,14 e é a moeda de mais ampla circulação pelo continente europeu, na chamada Zona do Euro, a qual abrange 19 dos 28 países constituintes da União Europeia. Há uma outra modalidade de dólar, porém, ainda mais valorizada que o euro em relação ao dinheiro americano: trata-se da moeda das ilhas Cayman, também denominada dólar, cuja cotação atual é de USD $1,20.
As moedas mais desvalorizadas frente ao dólar americano abrangem os capitais que circulam no Irã, no Vietnã, em Angola e no Sudão. O rial iraniano, atualmente, está cotado a USD $0,000024, ou R$0,000086 – são necessários 42.105 para o câmbio por um único dólar, ou 11.215,44 para a compra de uma unidade de real. Paralelamente, para conseguir comprar um dólar com o dinheiro do país de Hanói, é necessário desembolsar cerca de 23.170,41 dongs vietnamitas. Já o kwanza angolano consegue comprar uma unidade de dólar com cerca de 314,17 do dinheiro do país, enquanto a libra sudanesa adquire a mesma quantia de capital americano por 47,62 unidades da moeda.
Um outro modelo de mensuração da força de uma moeda se dá pelo Índice Big Mac, criado pela revista The Economist em 1986, no qual o preço do lanche que dá nome ao método é comparado em diversos países. Essa metodologia se baseia no conceito de paridade do poder de compra, em que é analisado o preço de um mesmo item (o Big Mac, no caso) em diferentes locais, usando o preço do lanche nos EUA como comparativo de partida – o qual é vendido a USD $5,58. Segundo o índice de 2019, recentemente divulgado, somente três países superam o valor da refeição nos restaurantes norte-americanos. Suíça, Noruega e Suécia comercializam Big Macs mais caros que os estadunidenses, e o lanche russo é o mais barato da comparação. O Brasil, neste ranking, possui desvalorização de 18% em relação ao dólar.
A origem dos nomes e outras curiosidades
Cada país do globo, no geral, possui um sistema de unidade monetário próprio, com características que as diferenciam das demais, tais como o nome e o valor. A cotação das moedas segue, por padrão, os valores representativos do dólar americano, para efeito de comparação e variação cambial de seu próprio poder de compra, além de contar com os efeitos das condições ocasionadas pela própria economia do país. Durante o desenvolvimento das moedas como as conhecemos hoje, houve um processo para a definição dos nomes. Afinal, de onde surgiram denominações como real, dólar ou euro?
No Brasil, até 1942 o sistema monetário seguia o mesmo em operação em Portugal, os chamados réis. Após esse período, a moeda oficial do país sofreu sete mudanças, dentre as quais foram utilizados os cruzeiros e cruzados como capital de circulação. Em 1994, porém, foi instituído o Plano Real, vigente até os dias atuais, tomando como moeda oficial uma unidade homônima: o real. As explicações para a adoção dessa alcunha passam desde uma opção de associação positiva ao dinheiro, em detrimento da complicada situação inflacionária sofrida pelo país na época, quanto por ser um nome que oferecia grandes possibilidades publicitárias.
Antes da instituição do Plano Real havia um gigante mercado clandestino de negociação de dólares no Brasil. Por conta das inflações estratosféricas, muitos brasileiros começaram a negociar o capital estrangeiros para fins diversos, inclusive para compras em supermercados, por exemplo. A cotação informal era transmitida, inclusive, durante o Jornal Nacional, mas isso tudo ficou no passado. Atualmente, o dólar só pode ser vendido por casas de câmbio autorizadas pelo Banco Central, como a Tradição Câmbio.
O dólar possui uma história curiosa sobre como foi definido o seu nome. Segundo o OxfordWords, a designação é derivada da palavra “Joachimsthaler”, como era chamada a moeda corrente na região da Boêmia, onde atualmente fica localizada a República Tcheca. Com a popularização da unidade pela Europa, o nome foi se encurtando e o apelido “thaller” passou a ser utilizado para indicar o dinheiro. Entre variações, ocorridas posteriormente, como “daler” e “toler”, o nome finalmente tornou-se “dólar” na Inglaterra, nação colonizadora dos Estados Unidos.
A impressão das notas de dólar é de responsabilidade da Bureau of Engraving and Printing, instituição equivalente à Casa da Moeda, e que produz, aproximadamente, 37 milhões de cédulas todos os dias – cerca de 700 milhões de dólares, considerando os diferentes valores das notas. A maior parte desse dinheiro, porém, é destinado somente à reposição de unidades já descartadas. A impressão desse capital é feita em material diferenciado, composto de algodão e linho além do papel, o que confere maior durabilidade às notas. Antigamente, cédulas de centavos já chegaram a ser produzidas pela instituição, mas foram descontinuadas. Hoje em dia, os centavos de dólar são moedas comuns, que possuem nomes próprios (com exceção da moeda de 50 centavos), sendo os pennies, nickels, dimes e quarters, as moedas de 1, 5, 10 e 25 centavos, respectivamente.
O euro, como é perceptível, teve seu nome definido a partir de uma derivação de como é chamado o próprio continente onde ele está em circulação: a Europa. A definição do nome e a instituição da moeda, porém, levaram anos para que fossem concluídas. Desde 1957 a moeda começou a ser elaborada, com a assinatura do Tratado de Roma e a criação da Comunidade Econômica Europeia (CEE). Ao longo dos anos, mais países foram se juntando à CEE, e em 1992 foi assinado o Tratado da União Europeia, formando a Zona do Euro. Em seguida, o Instituto Monetário Europeu foi criado e, assim, foi decidida a denominação euro para a moeda em comum entre os países do grupo, a qual completa 20 anos de existência este ano.
Ao todo, 19 nações usam o euro como moeda oficial, entre eles estão Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Holanda e Portugal. No total, é estimado que mais de 340 milhões de pessoas utilizem a unidade monetária. A arte desenvolvida para as notas leva o nome do artista austríaco Robert Kalina, porém nenhum dos monumentos impressos retrata edifícios reais – todos são criações do ilustrador, e seguem um padrão histórico em relação ao valor da nota. Assim, as cédulas de menor valor representam estilos arquitetônicos mais antigos, e quanto maior for o valor da nota, mais moderna é a representação desenhada por ele.